Marche na Italia, o que fazer em Ancona?

Introdução

O que fazer em Ancona que fica ali em Marche, na Itália? Espera, onde? Ali, ao sul da Emilia-Romanha, a leste da Toscana, Umbria e Lazio e ao norte de Abruzzo, a bela e desconhecida Marche é uma região pouco explorada pelo turista em geral, porém uma grata surpresa para quem a visitar. De norte a sul, ela está no meio da Itália, e de leste a oeste, fica no Leste, sendo banhada pelo Mar Adriático. Além disso, a cadeia montanhosa Apeninos que se estende até a região de Abruzzo, forma um belo paredão em sua parte oeste.

Marche é dividida em cinco províncias. De norte para o sul: Pesaro e Urbino, Ancona, Macerata, Fermo e Ascoli-Piceno. A capital da região é a cidade de Ancona, localizada na costa do Mar Adriático, na província de mesmo nome. Ela é servida de aeroporto e trem, portanto, de fácil acesso. É uma região um tanto quanto agrícola, e as cidades estão concentradas, em sua maior parte, no alto das colinas que permeiam toda a região, por isso, a melhor forma de se locomover é de carro.

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Mapa da Itália com Marche e suas províncias em evidência
Por que visitar Marche?

Outra característica relevante de Marche é que a região engloba dois grandes parques nacionais. O Parque Nacional dos Montes Sibilinnis fica na fronteira com a Umbria à oeste e, o Parque Nacional do Grande Sasso e Monte da Laga, que se estende também para as regiões de Abruzzo e Lazio. Estes dois parques e outras tantas inúmeras belezas naturais, tais como lagos, grutas, reservas fazem da região marchigiana um paraíso para apreciadores de viagens com passeios ao ar livre e caminhadas.

Marche é também um expoente nas artes. A região é a terra natal de algumas figuras ilustres como Raffaelo Sanzio, o pintor; Rossini, um dos maiores compositores de ópera da história, Giacomo Leopardi, poeta, e Maria Montessori, ilustre por seu famoso método didático.

A primeira vez que visitei a região foi em 2017. Na ocasião fizemos um curso de italiano na pequena cidade de Castelraimondo. Já até escrevi sobre essa experiência. Veja aqui. Depois, passamos por ali rapidamente em 2018. Já em 2022 ficamos quase dois meses em Macerata por conta do trabalho do marido.

As postagens sobre Marche

Resolvi fazer 3 publicações sobre Marche. Nesta primeira postagem vou falar sobre a cidade de Ancona e seus arredores. Vou contar um pouco dos lugares que conheci, mas vou mencionar também outras coisas que estavam no meu roteiro e não tivemos tempo de visitar. No final da publicação você encontrará um mapa com todos os pontos citados no texto.

Ah, preciso dizer que Marche, mais precisamente a pequena cidade de Agugliano na província de Ancona, é a terra natal de um bisavô materno. Eu não o conheci, mas cresci ouvindo histórias sobre ele. Ter tido a oportunidade de conhecer esta região e até passar pele pequena Agugliano foi algo muito especial para mim!

Boa leitura!

Província de Ancona

A portuária Ancona

Circundada pelo verde do Monte Conero e o azul do Mar Adriático a cidade se desenvolve entre mar e colina. A capital de Marche é a maior cidade da região com aproximadamente 98 mil habitantes. Estando localizada em uma baía, Ancona sempre foi uma cidade portuária, desde antes de Cristo quando era uma colônia grega. Mais tarde, já em tempos romanos, sob o domínio do imperador Trajano (em italiano, Traiano), a cidade começou a prosperar. As ações de Traiano foram importantes para o desenvolvimento do porto o que garantiu a abertura da Itália para o oriente. Na idade média, Ancona era uma próspera república marítima. Hoje, o porto de Ancona é o ponto de partida para vários países do outro lado do Mar Adriático como Croácia, Albânia e Grécia. Além disso ele faz parte da rota comercial Escandinavo-Mediterrâneo e Báltico-Adriático.

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No século II, o senado romano manda construir um imponente arco na região portuária de Ancona. O Arco de Traiano é um dos símbolos arquitetônicos mais importantes da cidade e representa a estreita relação de Ancona com o mar. O arco existe até hoje e eu recomendo fortemente uma caminhada por esta parte de Ancona.

Além do Arco de Traiano, por aqui você vai ver também o Arco de Clementino, que faz parte do antigo muro portuário e data do século XVII. A Mole Vanvitelliana, um monumento, de forma pentagonal construído em uma ilha artificial que já serviu para armazenar mercadorias, acolher doentes em quarentena e hoje é um espaço para eventos de diversos tipos. E por último, a Porta Pia que já foi a porta de acesso à cidade.

Centro Histórico

Saindo da região portuária e se encaminhando para o centro você vai encontrar amplas ruas de comércio, muitas igrejas e diversas praças. A praça que eu achei mais bonita e interessante é a Piazza del Plebiscito (ou do Papa). É uma praça de forma retangular e alongada que abriga o palácio do governo, a Igreja de São Domenico, a estátua do papa Clemente XII (responsável pelo renascimento do porto no século XVII), bares e restaurantes. Mas o que chama mais a atenção é fato dela ser em dois níveis, conectados por duas rampas e uma escada.

A partir da Piazza del Plebiscito, em um zigzag de ruazinhas é possível subir até a Catedral de San Ciriaco, a principal igreja de Ancona. Essa igreja está situada no alto de uma colina e proporciona lindas vistas para o porto e o mar. Em dias claros, você pode avistar a Croácia, do outro lado do Adriático. Neste zigzag de ruas ao redor da catedral procure pelas ruínas do antigo anfiteatro romano.

Praia do Passeto

O próximo ponto que quero destacar é a Praia do Passeto. Dali da região da Catedral de São Ciriaco siga caminhando para o sudeste em direção ao Parco del Cardeto. A caminhada é prazerosa e com lindas vistas. Você vai caminhar toda a extensão do parque, mas não se preocupe, ele não é muito grande. Lá do alto você já vai avistar o Passeto. O parque, que fica no alto, não dá acesso ao mar. Saindo do parque caminhe na direção ao Monumenti dei Caduti. A partir deste imponente monumento, descendo uma escadaria, você chega no Passeto. Há também um elevador, pago, para chegar à praia.

O Passeto é uma praia de pedra, caracterizada por grandes rochas brancas que formam um paredão em sua encosta. Por volta dos anos de 1800 foram escavadas grutas no paredão. Elas serviam de apoio a atividade da pesca e navegação. Hoje em dia elas são usadas por famílias que, de alguma forma as herdaram ou as compraram. A legalidade destas propriedades é constantemente colocada em questionamento.

A entrada das grutas é fechada com portões de madeira coloridos. Em seu interior é possível ver que as pessoas armazenam ali todo tipo de apetrechos de praia como cadeiras, guarda-sol e até mesmo churrasqueiras, além de coisas relacionadas à pesca e barcos. Apesar de toda a polêmica sobre o assunto, as grutas formam um visual harmonioso com o ambiente. É bem bonito!

Para retornar ao centro da cidade basta seguir pelo arborizada Viale della Vittoria que liga a região do Passetto a partir Monumento ai Caduti com a Piazza Cavour.

Riviera do Conero

A Riviera do Conero é toda a extensão de praia ao pé do Monte Conero. O mar é cristalino e em tons de azul e as praias são de pedras claras proporcionando um encantador contraste.

Nós visitamos a pequena Sirolo, uma charmosa aldeia medieval localizada no alto de uma colina com esplêndidas vistas para o mar. Em seu centrinho histórico, só pedestres, e para chegar à praia é necessário descer o morro. Quase chegando nela, ainda em um patamar mais alto, tem um restaurante/ bar muito gostoso. É o Ristorante La Grotta, ótimo para petiscar.

Essa primeira praia é a Spiaggia Urbana. Caminhando por essa praia é possível chegar a outras praias, a Spiaggia di San Michelle e Spiaggia dei Sassi Neri. Mas lembre-se; essas praias são de pedra. Há quem consiga caminhar com os pés descalços, eu, por outro lado, achei impossível. Fui de papete, inclusive para entrar na água. Em todas essas praias você vai encontrar lidos, os famosos estabelecimentos beira-mar na Itália.

Em toda a Riviera do Conero existem outras praias e balneários, alguns com acesso mais simples do que uma aldeia no alto de uma colina. Algumas dessas praias são acessíveis apenas de barco e os barcos de turismo só funcionam na temporada. A Spiaggia delle due Sorelle é uma dessas praias. Era a que eu mais queria ter visitado, porém estivemos em Sirolo no final de maio e as embarcações ainda não estavam em funcionamento. Faz parte!

O site oficial da região é ótimo e lá você encontra outras dicas e informações de ordem prática. Visite-o aqui.

Onde dormir e onde comer?

A pequena Sirolo é uma pérola. O centrinho tem muitas ruazinhas charmosas, uma ampla praça com lindas vistas para o mar e múltiplas opções de bons restaurantes e pousadas. A pousada que escolhemos foi a L’Orizzonte Relais Sirolo. Um encanto! Bem no centrinho e perto de vários restaurantes.

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Falando sobre restaurantes, o Edoardo, nosso anfitrião na pousada, nos convidou para jantar em seu restaurante. Lá fomos nós, um pouco desconfiados. Para nossa surpresa o Vicolo Urbani Bistrot era ótimo. Um lugar moderno e aconchegante, comida caprichada e vinhos com curadoria. Na noite anterior já havíamos jantado em um lugar excelente; Ristorante della Rosa. Nos dois restaurantes demos preferência para comidas do mar já que essa é a especialidade da região.

Passamos um final de semana em Sirolo e se tenho algo do que me queixar é que não foi um final de semana ensolarado portanto, as fotos não ficaram tão deslumbrantes quanto as da internet. Sempre razão para retornar.

Caverna Frasassi

Essa caverna é um escândalo de linda!

O complexo da caverna de Frasassi começou a ser descoberto em 1948 por um grupo de espeleologistas de Ancona. O ano de 1971 foi o ano de grandes descobertas. Em setembro, a maior sala foi encontrada, a Grotta Grande del Vento. Todo o complexo das cavernas de Frasassi possui mais de 13km de galerias, sendo a maior parte delas exploradas apenas por experientes e bem equipados espeleólogos.

O complexo foi aberto ao público em 1974. O percurso para os turistas abrange 5 salas, incluindo a Grotta Grande del Vento. Essa sala é tão grande que dentro dela caberia o Duomo de Milão. Dá para acreditar? Eu não sei vocês, mas eu adoro cavernas. A imensidão impressiona, a diversidade de formações encanta e a calma apazigua a alma. A visita é guiada (italiano e inglês) e dura cerca de 1 hora. Não é permitido tirar foto em todos os lugares. O guia vai te dizer quando é permitido fotografar.

Essas cavernas estão localizadas na cidade de Genga na província de Ancona. O google maps te leva para o estacionamento e bilheteria. Você pode obter mais informações e adquirir seu bilhete com antecedência no site oficial. Clique aqui.

Informação útil: depois de parar seu carro no estacionamento e adquirir seu ingresso, você vai precisar pegar um ônibus (gratuito) para chegar à entrada da caverna.

Templo de Valadier e Santuário Madonna di Frasassi

O Tempio del Valadier é um pequeno templo construído dentro de uma caverna. Alguns quilômetros à frente do estacionamento da caverna de Frasassi, você encontra o estacionamento e bilheteria para o eremo.

Em tempo: eremo, ou eremitério, é um local de cunho religioso, normalmente de difícil acesso onde o indivíduo se retira da sociedade e vai para viver uma vida de orações, um eremita.

A caminhada até o templo não é longa, apenas 700 metros, porém, é íngreme. O ganho de elevação é de quase 200 metros, precisamente 172 metros, e toda a subida é pavimentada. Suba no seu ritmo, vá devagar, pare sempre que precisar, mas vá. Vale muito à pena.

O templo foi projetado pelo arquiteto Giuseppe Valadier, daí o seu nome, e encomendado em 1819 pelo então cardeal Annibale dela Genga, futuro papa Leão (Leone) XII. Foi inaugurado em 1828. Durante a construção foram encontradas artefatos e ossadas humanas. Isso demonstra que, desde a pré-história, esta e outras cavernas do complexo Frasassi, foram utilizadas pelo homem não apenas como moradia, mas especialmente como local de culto religioso e funerário. Todos os achados durante a construção se encontram no Museu Speleopaleotologico e Archeologico que fica ali pertinho, nas imediações da Abadia de San Vittore delle Chiuse.

Já o Santuário Madonna de Frasassi é um outro eremo, ao lado do Templo de Valadier, muito mais simples e bem mais antigo (1029).

Informações úteis: lá no alto, depois da subida, há um banheiro. Não há nenhum tipo de comércio. O estacionamento da caverna de Frasassi é abastecido de lanchonetes e banheiros. Se precisar, pare ali e abasteça-se com água. Depois de visitarmos o templo, decidimos comer uma crescia (um tipo de sanduíche) ali mesmo. Estava ótimo.

Loreto e seu santuário

Loreto é uma cidade muito importante para os cristãos. Nesta pequena cidade fica localizado o Santuário da Santa Casa de Loreto. No interior da basílica encontra-se um dos locais de maior espiritualidade da igreja católica, a Santa Casa de Nazareth, onde nasceu a Virgem Maria. Não vou entrar em detalhes sobre Loreto pois não a visitei. Conta a história que essa casa, milagrosamente desapareceu de Jerusalém, apareceu na Croácia, desapareceu da Croácia, apareceu em um outro lugar na Itália e por fim apareceu em Loreto e ali ficou.

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Loreto e seu santuário vistos de longe

Quando pesquisei sobre Loreto fiquei curiosa com a história e tive vontade de visitá-la. Infelizmente não deu tempo. Pelas fotos que encontrei na internet parece um lugar muito bonito, independente da fé de cada um.

Visite o site oficial do santuário para maiores informações. Clique aqui.

Cin-Cin!!

Mapa

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O que fazer em Ancona?
O que fazer em Ancona?