Serra da Canastra e a chamada Parte Alta
Dia de visitar a chamada parte Alta do Parque Nacional da Serra da Canastra. A parte alta do parque é onde fica a nascente do Rio São Francisco e onde também as chances de encontro com vida selvagem são maiores.
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Neste dia, os pais do Rafa resolveram ficar na pousada e fomos então todos no troller do meu cunhado. É aconselhável que esse trecho do parque seja percorrido em veículo 4X4. Havia todo quanto é tipo de carro por lá, mas confesso que fiquei aliviada por estarmos todos no troller. Definitivamente eu não sei dirigir, e me sinto insegura, em estrada de terra, ainda mais quando a estrada é toda esburacada e cheia de subidas e descidas. O Vicente, dono da pousada, faz esse passeio com os hóspedes que não queiram ir com veículo próprio.
Saímos da pousada logo depois do café da manhã, a entrada para a Parte Alta situa-se a aproximadamente 16km de distância, na cidade de São Roque de Minas.
Dica: Não há restaurante ou qualquer tipo de estabelecimento vendendo alimento nesta parte do passeio. Você tem que levar sua própria comida e bebida. Há supermercado em Vargem Bonita e em São Roque de Minas, não encontramos nenhum tipo de lugar vendendo sanduíches prontos então fomos de frutas, bolachas, biscoito de polvilho e água.
Uma consideração: 500m depois de entrar no parque há um centro de visitantes que estava fechado. A impressão é de que nada funciona ali, infelizmente. Em minha opinião, o lugar deveria funcionar como um centro de visitantes propriamente dito. Informações turísticas sobre o parque, loja de souviniers e até mesmo lanchonete seriam de muito bom uso para o visitante. Os banheiros estavam abertos, mas sem cuidado. O papel higiênico que usamos foi o que tínhamos conosco no carro. É inevitável não comparar com os parques nacionais que visitamos nos Estados Unidos. Para mim não é apenas um sinal de desperdício, mas principalmente de descaso.
A primeira atração do percurso é a nascente do Rio São Francisco. A nascente encontra-se numa altitude de 1300m. Na Serra da Canastra o São Francisco percorre cerca de 14km até sofrer uma queda de 186m de altura, a cachoeira Casca D’anta, onde então inicia sua jornada até o Oceano Atlântico, tendo sua foz na divisa entre os estados de Sergipe e Alagoas.
Não há uma nascente bem definida, ela é formada por dois pequenos córregos que brotam da terra. O lugar é marcado por uma placa de pedra e pela estátua de São Francisco de Assis. A mim pareceu surpreendente uma quantidade tão pequena de água dar origem a um rio tão imenso. Bem se vê que eu pouco entendo de geografia. Esse lugar é no mínimo histórico.
Seguindo nosso caminho paramos num lugar chamado Curral de Pedra que era antigamente utilizado na ordenha de gado de leite. O gado era levado para a parte alta do chapadão durante o verão para ser protegido das enchentes causadas pelas fortes chuvas na região. Isso tudo quando o parque ainda não era parque. O curioso é que esses muros de pedra eram construídos sem argamassa, uma característica da região.
Cachoeira Casca D’Anta
A próxima parada é sem dúvida alguma a cereja do bolo desta parte do parque; a parte de cima da cachoeira Casca D’Anta. Esta é parte logo antes da queda. Formada por quedas menores e piscinas naturais em meio as pedras, a temperatura da água era congelante, pelo menos para mim. No nosso grupo apenas o Rafa foi corajoso para “dar um mergulho”.
A trilha que leva a parte baixa da cachoeira tem início aqui. Confesso que fiquei com vontade de ter separado tempo para esta trilha. O caminho, dizem ser bem interessante, com outras quedas e um mirante para observar a queda principal. Ficou para a próxima!
O visual de lá de cima é sensacional! Você consegue ver o primeiro curso d’água do Rio São Francisco, praticamente um riacho.
Antes de continuarmos nosso passeio fizemos nosso lanchinho e então partimos com destino a outras duas cachoeiras. Essas cachoeiras ficam fora da estrada principal do parque e a condição da estrada não era tão boa. Já era início da tarde e nossa maior esperança era encontrar vida selvagem principalmente o tamanduá-bandeira e o lobo-guará que resolveram não dar as caras. O único animal presente durante todo o dia foi o gavião carcará. Quem sabe na sua visita você terá um pouco mais de sorte!
Dali, voltamos para a pousada ansiosos pelo jantar!